10º Encontro: Enfrentar a quimioterapia.
Mais uma semana de exercícios na
Academia. Meu amigo disposto a enfrentar o monstro invisível da quimioterapia.
Segundo ele, seu diálogo com o Oncologista anterior era uma preocupação que só
existia na sua cabeça, pois os médicos estão acostumados com estas situações de
desistência e desejou-lhe boa sorte.
Seu novo Oncologista, conforme
havia combinado, prescreveu o tratamento e encaminhou o pedido ao Plano de
Saúde. Isto o colocava na marca do pênalti. Devia estar pronto para enfrentar o
processo, embora o médico dissesse que ele suportaria bem.
Aproveitou a consulta e deu
detalhes do que é a quimioterapia, sua origem, tipos , indicações e aplicações. Disse
ele que, a origem dela, vem do gás mostarda, usado nas duas guerras mundiais.
Os médicos e pesquisadores estudando os efeitos, no organismo de soldados
sobreviventes, passaram a tratar linfomas malignos. Desde então a quimioterapia
vem sendo aplicada em diversos tipos de câncer, seja com o intuito paliativo,
para melhorar a qualidade e prolongar de vida do paciente, ou curativa, com a
finalidade de acabar definitivamente com o tumor (associado ou não à cirurgia e
a outros tratamentos). Os efeitos colaterais relacionados à quimioterapia, surgem
porque os compostos químicos destinados a atingir as células doentes, acabam
alvejando também as células saudáveis, especialmente as renováveis como as do
cabelo, unhas, aparelho digestivo e boca. Como estas se reabilitam dentro de um
determinado tempo, pode-se repetir novamente um novo ciclo, respeitada a
recuperação do paciente.
No mundo de medo e incertezas de
quem descobre um câncer , é necessário reconquistar uma postura positiva e
confiante. Isto seu médico enfatizou, com sendo um ponto alto, da sua atitude
como paciente.
Quanto aos efeitos colaterais,
disse que eram muito pessoais e dependiam de uma série de fatores, que com
atenção iam ser acompanhados e minimizados com medicamentos.
Primeira quimioterapia marcada
para dia 24/5, às 9 horas. Os dias que antecederam foram tensos e apreensivos.
Ele sentia que enfrentava um fantasma invisível, uma doença imaterial , que não
deixava vestígios , a não ser nos exames, especificamente no PSA (Antígeno
Prostático Especifico). Como ele era assintomático, por um lado não sentia
efeitos diretos da doença ,no entanto , convivia na escuridão dos cuidados e
precauções.
No dia e hora marcados, lá estava
ele , com sua esposa de acompanhante, para se submeter à primeira dosagem. A
Sala de Espera, era uma pequena amostragem, do público que buscava este tipo de
tratamento. Pessoas jovens, senhoras idosas, homens em cadeiras de rodas.
Alguns usando boné, outras lenços na cabeça. Um ambiente sereno mas carregado
de dor e sofrimento, demonstrado por parte dos acompanhantes. Ele não se sentia
assim. Apenas ansioso. Assistia os pacientes saírem. Desconhecia as condições
individuais. Imaginava no entanto, que ele sairia lépido e sem outras
complicações.
Na sua vez, foi levado a uma
saleta individual. Acomodado numa poltrona reclinável para puncionar sua veia.
Ai uma sequência : soro, antialérgicos, corticoides e finalmente a medicação
quimioterápica prescrita (Docetaxel). Tempo de aplicação de todo o processo de
três a quatro horas. Periodicidade : 21/21 dias.
Terminado o processo, sentia-se
como se tivesse de ressaca. Cabeça pesada e as pernas lentas. Era uma quarta
feira e meu amigo ficou se restabelecendo até a próxima semana. Mas segunda
feira lá estava ele, firme e querendo retomar os exercícios. Eu estava curioso
para saber como tinha sido e ele me relatou o que acima descrevi. Quanto aos
efeitos, ele sentia algum enjoo, mas nada que um Plasil não resolvesse. Diz que
ficava se escutando, para sentir onde notaria alguma alteração. Tudo estava bem,
sem complicações. Nesta semana não iria correr com o grupo. Tinha que se
preservar, por enquanto. Recomendações do médico: Cuidado nos primeiros 10
dias, quando a imunidade fica mais baixa. Não frequentar locais aglomerados, nem
se expor a temperaturas baixas. Sinalizar ao médico qualquer novidade ou efeito
indesejado. Afinal era a primeira de uma série de no mínimo de seis a oito
sessões.
Três dias antes de cada sessão
deveria fazer um hemograma e um PSA, para avaliação da imunidade e do efeito a
medicação no tratamento efetivo do câncer. Sua rotina parecia comprometida
definitivamente, mas seu estado de animo não. Continuava confiante e positivo.
Cabeça boa e exercícios físicos, era a chave do tratamento.
Tinha um caminho pela frente a
percorrer, com muita fé e determinação, para vencer esta doença nefasta, que a
tantos atinge , mas nem todos abate.
J T Brum 2018
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