segunda-feira, novembro 05, 2018

10º Encontro: Enfrentar a quimioterapia.





10º Encontro: Enfrentar a quimioterapia.


Mais uma semana de exercícios na Academia. Meu amigo disposto a enfrentar o monstro invisível da quimioterapia. Segundo ele, seu diálogo com o Oncologista anterior era uma preocupação que só existia na sua cabeça, pois os médicos estão acostumados com estas situações de desistência e desejou-lhe boa sorte.
Seu novo Oncologista, conforme havia combinado, prescreveu o tratamento e encaminhou o pedido ao Plano de Saúde. Isto o colocava na marca do pênalti. Devia estar pronto para enfrentar o processo, embora o médico dissesse que ele suportaria bem.
Aproveitou a consulta e deu detalhes do que é a quimioterapia, sua origem, tipos , indicações e aplicações. Disse ele que, a origem dela, vem do gás mostarda, usado nas duas guerras mundiais. Os médicos e pesquisadores estudando os efeitos, no organismo de soldados sobreviventes, passaram a tratar linfomas malignos. Desde então a quimioterapia vem sendo aplicada em diversos tipos de câncer, seja com o intuito paliativo, para melhorar a qualidade e prolongar de vida do paciente, ou curativa, com a finalidade de acabar definitivamente com o tumor (associado ou não à cirurgia e a outros tratamentos). Os efeitos colaterais relacionados à quimioterapia, surgem porque os compostos químicos destinados a atingir as células doentes, acabam alvejando também as células saudáveis, especialmente as renováveis como as do cabelo, unhas, aparelho digestivo e boca. Como estas se reabilitam dentro de um determinado tempo, pode-se repetir novamente um novo ciclo, respeitada a recuperação do paciente.
No mundo de medo e incertezas de quem descobre um câncer , é necessário reconquistar uma postura positiva e confiante. Isto seu médico enfatizou, com sendo um ponto alto, da sua atitude como paciente.
Quanto aos efeitos colaterais, disse que eram muito pessoais e dependiam de uma série de fatores, que com atenção iam ser acompanhados e minimizados com medicamentos.
Primeira quimioterapia marcada para dia 24/5, às 9 horas. Os dias que antecederam foram tensos e apreensivos. Ele sentia que enfrentava um fantasma invisível, uma doença imaterial , que não deixava vestígios , a não ser nos exames, especificamente no PSA (Antígeno Prostático Especifico). Como ele era assintomático, por um lado não sentia efeitos diretos da doença ,no entanto , convivia na escuridão dos cuidados e precauções.
No dia e hora marcados, lá estava ele , com sua esposa de acompanhante, para se submeter à primeira dosagem. A Sala de Espera, era uma pequena amostragem, do público que buscava este tipo de tratamento. Pessoas jovens, senhoras idosas, homens em cadeiras de rodas. Alguns usando boné, outras lenços na cabeça. Um ambiente sereno mas carregado de dor e sofrimento, demonstrado por parte dos acompanhantes. Ele não se sentia assim. Apenas ansioso. Assistia os pacientes saírem. Desconhecia as condições individuais. Imaginava no entanto, que ele sairia lépido e sem outras complicações.
Na sua vez, foi levado a uma saleta individual. Acomodado numa poltrona reclinável para puncionar sua veia. Ai uma sequência : soro, antialérgicos, corticoides e finalmente a medicação quimioterápica prescrita (Docetaxel). Tempo de aplicação de todo o processo de três a quatro horas. Periodicidade : 21/21 dias.
Terminado o processo, sentia-se como se tivesse de ressaca. Cabeça pesada e as pernas lentas. Era uma quarta feira e meu amigo ficou se restabelecendo até a próxima semana. Mas segunda feira lá estava ele, firme e querendo retomar os exercícios. Eu estava curioso para saber como tinha sido e ele me relatou o que acima descrevi. Quanto aos efeitos, ele sentia algum enjoo, mas nada que um Plasil não resolvesse. Diz que ficava se escutando, para sentir onde notaria alguma alteração. Tudo estava bem, sem complicações. Nesta semana não iria correr com o grupo. Tinha que se preservar, por enquanto. Recomendações do médico: Cuidado nos primeiros 10 dias, quando a imunidade fica mais baixa. Não frequentar locais aglomerados, nem se expor a temperaturas baixas. Sinalizar ao médico qualquer novidade ou efeito indesejado. Afinal era a primeira de uma série de no mínimo de seis a oito sessões.
Três dias antes de cada sessão deveria fazer um hemograma e um PSA, para avaliação da imunidade e do efeito a medicação no tratamento efetivo do câncer. Sua rotina parecia comprometida definitivamente, mas seu estado de animo não. Continuava confiante e positivo. Cabeça boa e exercícios físicos, era a chave do tratamento.
Tinha um caminho pela frente a percorrer, com muita fé e determinação, para vencer esta doença nefasta, que a tantos atinge , mas nem todos abate.  

J T Brum 2018

 

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