25º Encontro : O valor de uma
visita.
Não tinha pensado nisso antes.
Fazia visitas e recebia visitas, sem outra conotação , a não ser de ter
contato, bater um papo, atualizar as informações.
Meu amigo , no entanto ,
enfatizou alguns aspectos que me passavam desapercebido, e que comecei a
valorizar.
Hoje o whatsup , o facebook, e
outros aplicativos, delimitam os contatos pessoais, e fazem com que pensemos
que estamos realmente nos comunicando, interagindo e que nossas relações sejam
realmente aproximadoras e sensitivas.
Diz ele, ter recebido, visitas
marcadas com antecedência, visitas de improviso. Visitas de amigos, de parentes
, conhecidos, mas todas cheias de carinho, de expectativa positiva pelo seu
estado de saúde. Ouvem com atenção seus relatos, suas aflições. Compenetram-se
das suas dificuldades e perspectivas. Palavras de incentivo brotam fácil, com
sinceridade. Esta interação cria um clima positivo, contagiante , e não só
aproxima, como envolve a todos .
A determinação de quem sai da sua
rotina , para visitar um amigo convalescente, tem méritos que nem sempre são
reconhecidos, no primeiro instante, mas logo aparece no sorriso e no
agradecimento de quem recebe a visita, como um conforto e um bem estar que se
prolonga , para além do período da estada. Fica um clima de alto astral,
saboreado pelo anfitrião e seus familiares.
O prazer de servir um café, um
chimarrão ou simplesmente água, é impagável e nesta pequena gentileza , procura
retribuir o gesto e o desprendimento. Mas há visitantes mais empenhadas e
diligentes, que não satisfeitas como o próprio ato da visita , ainda trazem um
regalo, seja um livro, um doce ou algo que saibam do gosto do visitado. Visitas
cheias de calor humano.
Pelo entusiasmo com que fala, meu
amigo deve ter recebido inúmeras visitas, inclusive minha e de minha esposa.
Contou-me ele, que o tratamento
com Xofigo não funcionou. Teve que ser abortado na segunda aplicação. Pelo
visto, voltara as quimios novamente. Esta instabilidade e incerteza geram uma
angustia, não só no paciente, mas nos familiares. É como saltar de um avião ,
achando que esta usando o paraquedas adequado, bem dobrado e seguro, mas em
plena queda dar-se conta que terá que usar um de reserva, de emergência, pois o
principal não funcionou.
E ao cair, recobrar-se do susto,
ter que buscar novas alternativas, para sobreviver. Assim são os dias do
paciente, que espera pelo tratamento inusitado, que poderá salva-lo definitivamente.
Há que ter boa dose e reserva de fé e esperança no seu coração. Mas não se luta
só por si. Há todo um conjunto de familiares, amigos, parentes, e conhecidos,
na reza e torcida, para dar certo. Não dá para decepcionar ninguém !
E assim seguimos em frente,
vivendo o dia a dia, com o suporte da medicina, da família e de todos os amigos
que nos visitam ou que nos mandam mensagens de otimismo.
JTBrum 2019