7º Encontro: Um sinal de alerta !
Encontrei meu amigo preocupado. Tive a impressão de que
alguma notícia ruim tinha abalado sua estrutura, embora tão otimista e
positivo.
Entre um exercício e outro , foi relatando o que estava
acontecendo. Ao levar os exames ao oncologista, ficou patente : o tumor havia
recrudescido. O bloqueio das células, não estava funcionando. O médico explicou
que outras glândulas do organismo, além da próstata, passam a produzir
testosterona e a proteção das células fica vulnerável. O PSA tinha subido de
0,26 para 3,5 . Um aumento vertiginoso em poucos meses. Tinha que refazer os
exames de imagem, para avaliar a situação das metástases.
Isto implicava em nova medicação, que prometia suprir esta deficiência.
Passaria a tomar comprimidos de Abiraterona. E esperar surtisse os efeitos
desejados. A vida na corda bamba não fazia parte do seu dia a dia. Não estava
preparado para viver entre sobressaltos e a ansiedade. Cada exame, nova
consulta ou coleta de sangue, gerava uma enorme expectativa , não só para ele,
mas para toda família .
Contou-me que recebeu um whatsapp de uma amiga, falando sobre
um Hospital Espírita, em Florianópolis. À noite, outra foi a sua casa e cheia
de dedos, perguntou-lhe se tinha espiritualidade e se acreditava que a mediunidade
poderia ajudar, na cura de sua doença. Falou-lhe também do Hospital Espírita de
Florianópolis.
Duas mensagens , direcionadas para ele, em menos de vinte
quatro horas, não poderiam ser consideradas mera coincidência. Parou para
pensar.
Dia seguinte ligou . Informou-se do funcionamento, dos
períodos de internação, etc. Contou-me com certo entusiasmo, de entrar por este
caminho pouco conhecido por ele e das possibilidades de tratamento. Na sua vida
até então, tinha sido cético e refratário, a qualquer coisa desse tipo. Mas
nestas alturas , o que tinha a perder? Não me disse se havia agendado algo.
As semanas seguintes foram de calmaria. Tomando as drogas e
levando a vida como era sua rotina. Alimentava-se bem. Fazia sua pratica de
exercícios regularmente.
Nas nossas conversas desta semana, ele referiu-se a outras
pessoas da Academia ou até conhecidos nossos, foram diagnosticados com câncer.Fez
isto naturalmente e sem surpresas. Algumas senhoras e um colega, alunos da
Academia, estavam em tratamento e desafiavam com altivez suas agruras. Reconhecer
isto e aceitar o fato de sentir-se bem e disposto, devia dar-lhe animo e
colocava-lo em pé de igualdade, com tantas pessoas, mais novas ou mais velhas,
que tem um destino indecifrável para suas vidas. Cada uma delas luta com a gana
que Deus lhes deu.
Percebi então que estava trocando de fase. Saindo da negação:
“isto não pode estar acontecendo comigo” e da raiva: “Porque eu? Não é justo”.
Para entrar na fase de negociação e depressão. ”Deixe-me
viver até ver meus netos crescer” Finalmente, vislumbrava a fase da aceitação:
“Tudo vai acabar bem”. Entender esses cinco estágios nos ajuda a termos maior
consciência do que estamos passando, ao enfrentar uma mudança significativa nas
nossas vidas. Traz-nos lucidez e força para lutar com nossas dificuldades.Isto
tinha um efeito benéfico no seu estado de espírito e equilíbrio interno.
Contei-lhe de uma amiga, cujo câncer se concentrava na cabeça
e mesmo assim, não perdia a esperança, embora todos os efeitos colaterais da
doença e da medicação. Isto tudo tinha o aspecto pedagógico, para reconhecer
que, seu problema era igual ou menor a tantos outros a nossa volta e que não
somos o centro do mundo.
Depois disso meu amigo sentia-se mais otimista e ciente que o
seu caminho, só seria percorrido por ele, sorrindo ou chorando, erguendo as
mãos aos Céus, agradecendo ou praguejando contra tudo e contra todos.
J T Brum 2018
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