segunda-feira, outubro 15, 2018





 
7º Encontro: Um sinal de alerta !

 

Encontrei meu amigo preocupado. Tive a impressão de que alguma notícia ruim tinha abalado sua estrutura, embora tão otimista e positivo.

Entre um exercício e outro , foi relatando o que estava acontecendo. Ao levar os exames ao oncologista, ficou patente : o tumor havia recrudescido. O bloqueio das células, não estava funcionando. O médico explicou que outras glândulas do organismo, além da próstata, passam a produzir testosterona e a proteção das células fica vulnerável. O PSA tinha subido de 0,26 para 3,5 . Um aumento vertiginoso em poucos meses. Tinha que refazer os exames de imagem, para avaliar a situação das metástases.

Isto implicava em nova medicação, que prometia suprir esta deficiência. Passaria a tomar comprimidos de Abiraterona. E esperar surtisse os efeitos desejados. A vida na corda bamba não fazia parte do seu dia a dia. Não estava preparado para viver entre sobressaltos e a ansiedade. Cada exame, nova consulta ou coleta de sangue, gerava uma enorme expectativa , não só para ele, mas para toda família .

Contou-me que recebeu um whatsapp de uma amiga, falando sobre um Hospital Espírita, em Florianópolis. À noite, outra foi a sua casa e cheia de dedos, perguntou-lhe se tinha espiritualidade e se acreditava que a mediunidade poderia ajudar, na cura de sua doença. Falou-lhe também do Hospital Espírita de Florianópolis.

Duas mensagens , direcionadas para ele, em menos de vinte quatro horas, não poderiam ser consideradas mera coincidência. Parou para pensar.

Dia seguinte ligou . Informou-se do funcionamento, dos períodos de internação, etc. Contou-me com certo entusiasmo, de entrar por este caminho pouco conhecido por ele e das possibilidades de tratamento. Na sua vida até então, tinha sido cético e refratário, a qualquer coisa desse tipo. Mas nestas alturas , o que tinha a perder? Não me disse se havia agendado algo.

As semanas seguintes foram de calmaria. Tomando as drogas e levando a vida como era sua rotina. Alimentava-se bem. Fazia sua pratica de exercícios regularmente.

Nas nossas conversas desta semana, ele referiu-se a outras pessoas da Academia ou até conhecidos nossos, foram diagnosticados com câncer.Fez isto naturalmente e sem surpresas. Algumas senhoras e um colega, alunos da Academia, estavam em tratamento e desafiavam com altivez suas agruras. Reconhecer isto e aceitar o fato de sentir-se bem e disposto, devia dar-lhe animo e colocava-lo em pé de igualdade, com tantas pessoas, mais novas ou mais velhas, que tem um destino indecifrável para suas vidas. Cada uma delas luta com a gana que Deus lhes deu.

Percebi então que estava trocando de fase. Saindo da negação: “isto não pode estar acontecendo comigo” e da raiva: “Porque eu? Não é justo”.

Para entrar na fase de negociação e depressão. ”Deixe-me viver até ver meus netos crescer” Finalmente, vislumbrava a fase da aceitação: “Tudo vai acabar bem”. Entender esses cinco estágios nos ajuda a termos maior consciência do que estamos passando, ao enfrentar uma mudança significativa nas nossas vidas. Traz-nos lucidez e força para lutar com nossas dificuldades.Isto tinha um efeito benéfico no seu estado de espírito e equilíbrio interno.

Contei-lhe de uma amiga, cujo câncer se concentrava na cabeça e mesmo assim, não perdia a esperança, embora todos os efeitos colaterais da doença e da medicação. Isto tudo tinha o aspecto pedagógico, para reconhecer que, seu problema era igual ou menor a tantos outros a nossa volta e que não somos o centro do mundo.

Depois disso meu amigo sentia-se mais otimista e ciente que o seu caminho, só seria percorrido por ele, sorrindo ou chorando, erguendo as mãos aos Céus, agradecendo ou praguejando contra tudo e contra todos. 

J T Brum 2018

 

 

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário