4º Encontro :
Os primeiros passos da
jornada.
Voltamos a nos encontrar na Academia. Parecia ter assimilado
o baque do diagnostico e a confirmação dos exames. Seguíamos fazendo os
exercícios todos os dias e conversando sobre assuntos diversos e vez por outra,
sobre as novidades do tratamento.
Nesta semana tinha consultado um especialista em próstata. Após
ver todos os exames, propôs uma vacina desenvolvida por uma universidade de
Porto Alegre , da qual ele participara como Coordenador e em período de testes.
A amostra era de quinze participantes.
Na conversa, seu
oncologista disse conhecer o projeto, mas que cientificamente não havia dados para
validar a pesquisa, não só pelo grau de abrangência (apenas quinze amostras) mas
também pelo tempo de aplicação (menos de dois anos). Havia outras pesquisas
americanas , com resultados divulgados. No entanto, como a evolução dos
tratamentos é muito acelerada e os medicamentos utilizados , já não serem mais
compatíveis com os dias atuais, o que as torna obsoletas. O número de drogas destinadas ao tratamento,
crescia geometricamente , sendo muito positivo , mas também criava o desafio de
escolher a droga certa, para cada tipo de câncer e de acordo com o paciente.
Este o trabalho primordial do oncologista.
A família queixava-se , pois da boca de cada especialista
surgiam sugestões e alternativas de tratamentos muito diferentes . As faculdades
de Medicina pareciam ensinar conteúdos diferentes , para cada grupo de médicos. Os
protocolos para tratamento de câncer de próstata, eram diferentes entre si.
Isto gerava uma angústia e ansiedade, pois sem conhecimento técnico para
avaliar as alternativas, os pacientes e familiares, acabavam levando aos
oncologistas escolhidos e debatendo com ele estes assuntos. Acabava na base da confiança
e de entregar nas mãos de Deus.
Esta questão está muito presente em viários tipos de
enfermidades, especialmente as mais complexas, onde cada especialista aponta
uma solução para o caso, deixando os pacientes e familiares aturdidos, sem
saber que rumo tomar. Cirurgia? Tratamento
medicamentoso, quimioterapia ,radioterapia , não fazer nada no momento ? São
decisões que definem a vida e o bem estar do paciente.
O desafio agora era baixar o PSA. Para bloquear o sistema de
proliferação do tumor, era necessário cortar seu combustível : a testosterona. Com
isto, atrofia e pára de enviar metástases para o organismo. Uma medicação
especifica para isto estava sendo ministrada. Mensalmente faria exames para
acompanhar a evolução do marcador.
Este tratamento tinha implicações, do ponto de vista físico e
psicológico. O papel da testosterona , no organismo masculino é responsável não
só pela libido, mas também pela energia necessária , para manter a maquina em
bom funcionamento. Perderia o gosto e o interesse pelas belezas da vida? Embora
com mais de sessenta e cinco anos ainda tinha a cisma e os arroubos da
juventude.
Não tinha escolha. Era pegar ou largar. Seus medos estavam
alicerçados na busca do prazer e no medo da dor. Fazer o tratamento significava buscar as
chances para conseguir uma sobrevida, em melhores condições e qualidades de
vida possíveis. Como meu amigo era assintomático ,tudo parecia ficar mais fácil.
O resto só o tempo mostraria.
As atividades na Academia mantinham-se iguais, até um nível
acima, pois buscava compensar e testar os primeiros efeitos do tratamento no
organismo. Empenhava-se no grupo de corridas, fazendo os mesmos percursos e
tempos, dos demais companheiros.
J T Brum 2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário