segunda-feira, setembro 17, 2018



Exames complementares:
 
Já era sexta feira, não tinha aparecido na academia. Sabia da viagem, tranquilizei-me. No horário de sempre , lá veio ele sem chamar atenção. O cumprimento, um aperto de mãos , quase um abraço apertado. Perguntei da viagem. Balançou a cabeça, afastou-se do grupo , discreto, começou a contar. Aproveitara a viagem para visitar uma feira de negócios em São Paulo e realizar consulta e exames.
A visita ao oncologista, estava marcada para o fim da tarde de terça feira. O especialista, menos de quarenta anos, apresentava diplomas e certificados nacionais e residência em hospitais do exterior. Com muita calma, depois de exposto o problema, foi lendo o laudo da biopsia , fazendo perguntas sobre os hábitos e eventos médicos da vida pregressa. Disse precisar com urgência de exames complementares, para fazer uma avaliação mais detalhada e profunda do caso. Na condição de paciente, ficou pouco confortável com os questionamentos e afirmações do médico , mas entendeu como pertinentes as questões levantadas.
Alegou retornar à Porto Alegre na quinta feira, quando faria os exames. Os recursos da grande capital permitem fazer os exames em qualquer horário, disse o doutor. De dia ou de noite. Fez a prescrição dos exames e juntou o telefone de um centro de imagem, trabalhando 24 horas:
Ressonância Magnética do Abdômen Superior, do Tórax ,cintilografia , ultrassonografia do Abdômen Total.
O horário agendado para os exames : às 2 horas da madrugada. Na hora certa estava lá. Poucas horas depois, de volta ao hotel, com todos em mãos.
Dia seguinte nova consulta e exames revisados. A confirmação do diagnóstico e extensão, as recomendações de tratamento e posturas frente à doença. Além da medicação que já estava tomando , deveria ser adicionado o Zometa, um reforço para os ossos.
Falou também tratar-se de uma doença crônica, com diabetes, hipertensão e outras, exigindo tratamento e cuidados permanentes. Segundo, a forma de enfrentar o tratamento, com cabeça boa e exercício físico. Estas duas coisas meu amigo tinha a vontade!!
Sempre pensava positivo e adorava malhar. A presença na academia , era uma constante, fazendo parte inclusive, dos grupos de corrida.
A família acompanhava de perto os passos , os resultados dos exames e avaliação das consultas. Outras estavam para ser marcadas, mas deveria voltar ao oncologista escolhido. Estava numa saia justa, como se estivesse traindo ou não confiasse nas recomendações e tratamento indicados por ele. Teria de abrir o jogo, até para poder usar e confrontar as informações recebidas por outros profissionais.
Sem saber objetivamente a razão, decidiu junto com a esposa, não abrir o problema de saúde , para terceiros. Só a família e parentes mais próximos, tomaram conhecimento. Sentia-se com portador de uma moléstia contagiosa ou terminal . Quem sabe, por sentir pena de si mesmo , queria evitar o coitadismo, uma preocupação crescente nos sentimentos tão variados nestes últimos dias.
Falávamos destes temas sem reservas, mas evitava qualquer comentário com outros amigos da academia, em especial no meio profissional, onde era empresário.
Comentou o resultado da cintilografia, detectando metástases na coluna, na vértebra L1 e hipercaptação de contraste na L2. O aspecto positivo das ressonâncias de abdômen e tórax foi não haver nada nos tecidos moles. Todos preservados.
Aos poucos, os treinos na academia voltaram ao normal. Precisava canalizar suas energias, para a recuperação da autoestima e do bom humor. Com isto, o corpo também ganhava forças , para absorver os tratamentos vindouros e o stress .
J T Brum 2018

 

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