segunda-feira, janeiro 14, 2019




19° Encontro : Mutações. 

Nos encontramos hoje cedo na Academia. Estávamos ávidos pelos exercícios e pelas novidades. Meu amigo entusiasmado com as noticiais e informações do médico Oncologista.
Seu PSA chegou a 13 e com isto a estratégia a ser adotada será da suspensão das quimioterapias, para ir avaliando novamente o comportamento do tumor e a remessa de metástases no organismo, em especial para os ossos, no caso de próstata. Há uma relação de tempo decorrido e a velocidade de crescimento do PSA. Mensalmente faria exames para avaliar, bem como dos demais marcadores.
Ele sabia que a situação era de apreensão , mas convivia com isto , com certo otimismo e esperança.
Falamos sobre amigos e pessoas conhecidas. É assustador o número de pessoas vitimas de doenças novas a cada dia. Possivelmente por que nosso circulo de amizades e referencias sejam pessoas com mais de sessenta anos. Nesta faixa, o Alzheimer, Parkinson, depressão, câncer de estomago, de pele etc.
Já nas camadas mais jovens, infelizmente outras mazelas ocorrem, como a depressão, as drogas, e por vezes algum tipo de câncer fulminante, como no caso, os de mama e melanomas.
Graças aos diagnósticos precoces, estas doenças têm sido identificadas e tratadas com sucesso, na maioria dos casos.
Meu amigo me alertou para um aspecto que tem orientado sua vida e seus contatos. Quando lhe perguntam como vai, responde que está ótimo. Não fala da doença, nem “curte” uma situação de vítima, nem se lamenta ou se queixa. Só os mais próximos sabem do andar do seu tratamento. Ainda mais agora que parou com as quimios e esta passando os efeitos colaterais deste tratamento . Perde a cor amarelada e os cabelos voltam. Até então, esta escrito na testa  “Em tratamento oncológico”.
Um amigo da academia veio nos falar do conto que tinha lido. Disse que isto , o fez lembrar sua infância em Pelotas e as dificuldades da época , para ter o uniforme completo, em ordem no dia do desfiles. Até sapato marrom , ele pintou de preto, para poder desfilar.
Voltamos a comentar sobre as pesquisas e tratamentos do câncer e as dificuldades dos médicos, embora diagnosticada a doença, em acertar as medicações, dosagens e prescrições a seus pacientes. Os estudos têm mostrado , as mutações dos tumores, ao longo dos anos. A avaliação de DNA de um tumor realizado há três anos, considera-se obsoleto, tais as alterações que sofre.

Como cada paciente tem características próprias e que muda ao longo dos anos .É impossível ter dois iguais, como as digitais individuais.. Com isto, só por tentativa , erro e protocolos catalogados, são possíveis os tratamentos. Por isso, as melhoras e regressões dos pacientes são tão frequentes. O próprio organismo e os tumores, criam resistências às drogas, protegendo-se e buscando formas de escapar do extermínio.
Nisso está uma das vantagens do diagnostico precoce, quando as células tumorais ainda estão suscetíveis ainda aos tratamentos convencionais.
Mas a principal mutação do ser humano está no seu interior. Na forma como ele vê a doença, com se relaciona com ela, como encara seu dia a dia. Aqui já comentamos muitas vezes sofre as fases de negação, contestação, revolta, e aceitação. Este processo continua ao longo dos anos, dependendo da fase do tratamento e dos resultados destes, em relação à doença. Esta deve ser a principal mutação por que passa o paciente, embora não seja detectável nos exames.
Paramos de falar de doença e passamos a falar dos  colegas que se preparam para a Maratona de Porto Alegre. Alguns vão correr pela primeira vez. Outros já calejados, conhecedores do percurso e das peculiaridades , para enfrentar o frio da manhã e o calorão a partir das dez horas. Será no próximo fim de semana.

JTBrum 2019


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