30º Encontro : Nossas
dores !!
Lá estávamos nós na Academia em mais uma manhã de primavera.
Temperatura agradável, nem os aparelhos de ar condicionado tinham sido ligados.
O burburinho dos colegas preenchia o espaço, num ambiente de coleguismo e
fraternidade.
Embora a faixa etária dos participantes fosse muito variada,
não se podia dizer que os mais jovens levavam vantagem na execução de seus
respectivos exercícios. Os pesos e desafios de cada um , eram proporcionais às
suas capacidades.
Meu amigo me confidenciou que estava sentindo dores na
coluna. Lembrei a ele, que ele tinha um comprometimento nas vértebras L2 e L3.Até então ele não havia se queixado, mas a inclusão de novos
exercícios de agachamento, lhe fazia muito bem para as pernas, forçava sua
coluna. Divagamos um pouco sobre dores. Ponderei que todo o ser vivo tem dores.
Nós humanos a partir de certa idade, conseguimos localizar e detalhar nossas
dores.
Meu amigo lembrou que há dores físicas e mentais, que
atualmente atingem todas as camadas sociais e idades. As depressões, os
distúrbios neurológicos, as doenças adquiridas ou congênitas. São sofrimentos
do paciente e dos familiares, que muitas vezes se sentem incapazes de ajudar a
resolver a dor e o mal estar. Dizem que os suicidas sentem uma dor
terrível, indescritível, que os impulsiona para o ato de desespero. Mas há dores
emocionais, cuja origem pode ser do trabalho, de relacionamentos, de origem
familiar ou outras situações. Os sintomas mais comuns são dor de cabeça, dores
estomacais e dor nas articulações.
Neste contexto, entre homens e mulheres, o poder de
resistência a dor, seguramente é maior das mulheres. Parece que pela destinação
natural à maternidade, elas já são preparadas a resistir melhor às agruras . A
dor de parto e o calculo renal dizem ser as mais fortes que ser humano
enfrenta.
Mas há enfermidades, cujo processo de deterioração, vão
minando as forças e causando dores gradativas, a ponto de ser estancada com a
morfina ou com o desligamento de nervos condutores.
Ao longo da vida, quando jovens temos as dores naturais da
idade e do momento que vivemos. Um braço quebrado, um tornozelo torcido, uma
dor estomacal ou uma gripe muito forte. À medida que os anos passam , estas
mesmas questões, passam a ser vistas como mais problemáticas e os cuidados
redobram. Aos trinta anos uma gripe tem um efeito. Aos setenta anos, exige
cuidados especiais. Mas uma dor de dente não tem idade e não deixa ninguém
dormir. Vemos diariamente atletas saindo das quadras e campos de futebol, com
dores e chorando, mas dias após, já estão recuperados e voltando as atividades.
Uma artroscopia de joelho num atleta de vinte anos é um fato corriqueiro e
pouco tempo depois está na ativa. Já num adulto, não atleta, é um processo complicado.
Sob o efeito da dor nada é confortável e aceitamos qualquer
proposta para suprimi-la. As dores dispersas, as dores localizadas, são
inconcebíveis no nosso padrão de estabilidade. Dores eventuais e dores
permanentes, todas elas nos tiram do prumo, do bom humor e da graça de viver. A
dor , além de impactar na qualidade de vida pode levar a limitações importantes
que alteram a capacidade funcional do idoso , ainda mais se estiver associado a
outros diagnósticos, como a Doença de Alzheimer, pois o paciente fica incapaz
de relatar com clareza seu desconforto.
As dores são sintomas que algo não vai bem no nosso organismo
e devem ser vistas como alertas. Mal de nós se , sem dores. Descobriríamos
nossas doenças, já em fase avançada. Elas também nos temperam e nos deixam mais
humildes, sem a prepotência inata do ser humano. Dizem os filósofos “o que não
me destrói, me fortalece” As limitações que vem junto com elas e nos dão a
dimensão da nossa finitude e do nosso futuro incerto. Hora de nos aproximar
Dele, e pedir Sua proteção. Deveríamos fazer isto sempre, mas só nos lembramos
de Santa Barbara quando troveja !
Finalizamos nossos exercícios , nosso papo e partimos para a
lida, felizes por mais um dia pela frente.
JT Brum 2019
Eia! Este escitor já parece autor de best-seller,pois pesquisa assuntos técnicos. Admiro textos que deram mais trabalho que SÓ escrever. Aprendi coisas novas com o este. Fiquei meditando: será que existe mesmo dor de amor? Abraço.
ResponderExcluirAbraços meu querido cunhado. Gostei muito dos textos.
ResponderExcluirAdmiro tua sinceridade e coragem na tua caminhada. Deus te proteja sempre. Beijos para ti e a Norma.
Olá Sr. José , sou leitora de seus “encontros aleatórios “ e mal posso esperar pelo 32* capitulo. Gosto de sua maneira clara e sincera de falar sobre os sentimentos, bem tocante , mas sem ser piegas . Parabéns ! Antevejo um grande escritor . Abraços
ResponderExcluirMaria Marli